O Retorno de Casanova

Após mais de 20 anos como apologista católico, Fernando Casanova retorna ao protestantismo.
Fernando Casanova

Após mais de vinte anos como apologista católico, apresentando programas de TV e lecionando em grandes instituições católicas, o “Scott Hahn” de língua espanhola, Fernando Casanova, muito popular na América Latina onde costumava ser apresentado e exibido como um troféu de caça por ter sido um "ex-pastor protestante" convertido ao catolicismo, retorna ao protestantismo.

Autor de livros e artigos relacionados à educação teológica, Casanova era apresentador da série televisiva "Estou em Casa", e "Defenda tua Fé" na Eternal Word Television Network (EWTN) e dirigia um apostolado de evangelização e formação da fé católica do qual era fundador, na arquidiocese de San Juan, em Porto. Tido no meio católico romano como renomado conferencista internacional, ele fez seu doutorado em História na Universidade de Sevilha, na Espanha, e é doutor em Teologia pela Graduate Theological Foundation, em Indiana, nos Estados Unidos. Também foi professor da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma e em 2005 atuou como reitor da Faculdade de Teologia (Centro de Estudos Dominicanos Caribenhos, CEDOC) da Universidade Central de Bayamón.

Com um currículo desses, não há como acusá-lo de “ignorância da tradição” da Igreja. O fato é que Casanova resolveu tratar a evidência histórica com honestidade. Declarou não acreditar no papado, na infalibilidade papal, na assunção de Maria entre outras coisas e anunciou formalmente que não pode continuar na Igreja Católica romana por razões de consciência. Afinal, foi justamente por estudar profundamente o ensino dos Pais da Igreja e compará-los com o ensino da Igreja de Roma que ele percebeu o claro desvio da fé da Igreja Romana que muda, contradiz, inventa, distorce e adultera não apenas a Escritura mas também os escritos de alguns padres da igreja, tirando-os do contexto e acrescentando especulações filosóficas ou enchendo-os de alegorias, mitos, lendas e expressões poéticas de suposta piedade, além de fazer uso de literatura apócrifa, e até mesmo gnóstica ou herética.

Através de uma honesta análise da história como ciência,  Fernando Casanova assim como muitos estudiosos católicos tiveram que reconhecer que muitas crenças, usos e práticas da Igreja Católica Romana não se baseiam nos dados objetivos da história mas em pura manipulação de fontes. E para para aqueles que estão sendo seduzidos pelo papismo, eis algumas objeções de Casanova que servem de lição dentre outras razões doutrinárias que moveram sua compreensão e vontade para deixar oficialmente a Igreja Católica Romana:

I - Do termo católico
O termo Católico não se limita à igreja que tem a sua sede principal em Roma, mas também para outras, como as Igrejas Orientais dentre outras. E entre dados objetivos sabemos que a catolicidade foi fixada nos credos apostólico e niceno para se referir a todo o cristianismo e não apenas à igreja de Roma, na verdade, a Igreja Oriental de Antioquia é mais antiga que a de Roma e da qual há evidências conclusivas de que foi estabelecida ou acompanhada por Pedro Paulo e Barnabé. 

Não posso acreditar que a Igreja Católica Romana seja a única instituição na qual o Corpo Místico de Cristo subsiste principalmente de forma visível.


II - Do ser católico romano
Para ser católico romano é preciso acreditar em tudo o que é proposto como verdade de fé. E neste sentido tenho que ser honesto e agir de acordo com a minha consciência porque você não pode continuar naquela igreja quando está convencido de que alguns dos dogmas, usos e costumes que foram estabelecidos não fazem parte da revelação de Deus em Cristo ou contradizem a Sagrada Escritura e o consenso dos Padres Apostólicos e dos Padres da Igreja e dos sete Concílios verdadeiramente ecuménicos(...) 
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para mim é um risco espiritual e um suicídio intelectual acreditar em tudo que a igreja estabeleceu e ensinou em detrimento da unidade da Igreja de Cristo, impondo o seu poder temporal sobre as outras igrejas católicas do Oriente e neutralizando os seus dissidentes internos no Ocidente.

III - Papado
Muitas crenças, usos e práticas da Igreja Católica Romana não se baseiam nos dados objetivos da história, até mudam, contradizem, inventam, distorcem a escrita e adulteram os escritos de alguns padres da igreja, tirando-os do contexto e acrescentando especulações filosóficas ou enchendo-os de alegorias, mitos, lendas e expressões poéticas de suposta piedade além da literatura apócrifa, mesmo que gnóstica ou herética. Toda essa manipulação de fontes tem por finalidade estabelecer e desenvolver o sistema monárquico e jurisdicional do papado que acaba contradizendo o primado de honra ou consultoria de que gozava saudavelmente o bispo de Roma, como podemos constatar entre os séculos II e IV, vê-se então que a partir dessa época iniciaram-se disputas vergonhosas pelo poder e pela supremacia imperial que terminaram com o papa como chefe, o Senhor Vigário de Cristo Sumo Pontífice etc. Percebi que este papado monárquico e jurisdicional nada tem a ver com São Pedro e sua identidade e posição na igreja primitiva.

É surpreendente os sofismas que fazem sobre Pedro para justificar o papado com seu poder jurisdicional e infalibilidade (...). Você percebe que é um sofisma, um argumento falso com aparência de verdadeiro, ou seja, premissas falsas que levam a erros e conclusões que sequer podem ser demonstradas por meio da Bíblia, dos padres em geral, da historiografia sobre Pedro ter tido um sucessor imediato. Nem mesmo as listas contraditórias de papas que temos hoje são corretas em termos de escritura sagrada.

Entendo que não podemos adulterar os textos a partir de ideias pré-concebidas, como por exemplo, Mateus 16:18. Se alguém se ater à estrutura desse texto em seu contexto, verá facilmente que a ideia que Mateus 16:18 propõe é a identidade de Jesus como Messias e filho de Deus e não a entidade de Pedro como chefe máximo da igreja, então a pedra sobre a qual o Senhor estabelece a sua igreja é a confissão que Pedro faz em nome dos outros Apóstolos, ou seja, como representante dos 12 e não como seu líder, e se a intenção era que Pedro fosse o primeiro como líder, por que então na primeira diocese de Jerusalém o bispo era Tiago? O papado como eles o entendem agora com base neste texto é uma inclusão tardia, na verdade como a maioria dos santos padres interpreta isso? Esta rocha, como eles a interpretam? Nada a ver com uma liderança de Pedro. (...)

Em suma, descobri que o papado não existe segundo a visão católica romana e que, portanto, não é uma instituição divina. Não existe sucessão papal de Pedro, nem a infalibilidade do papa, nem a sucessão apostólica estabelecida pela Igreja Católica Romana. 

Pense, por que deveríamos considerar como legítimos muitos supostos sucessores que não mantiveram as condições estabelecidas para eles conforme ordenado por Deus. (...) Para quem adultera a palavra de Deus e abusa das ovelhas de Cristo, o que o Senhor disse que poderia ser aplicado? Aos líderes religiosos que acreditavam ocupar a cátedra de Moisés em Marcos capítulo 7, diz o Senhor, em vão eles me adoram, ensinando como doutrina os preceitos dos homens, invalidando o mandamento de Deus para guardarem suas tradições.

IV - Autoridade da Escritura
Não estou dizendo que é apenas a Bíblia e que outras coisas não são necessárias...

o que estou dizendo é que, em matéria de fé cristã e todas as suas consequências, a Sagrada Escritura é a autoridade primeira, suprema e definitiva e só a partir daí se pode aproveitar tudo o que ajuda e esclarece, mas nunca se poderá aceitar o que muda e contradiz a Sagrada Escritura e a integridade dos seus textos, porque a Sagrada Escritura é o único documento inspirado diretamente por Deus e que, portanto, tem Deus como seu autor, como de facto a própria Igreja Católica Romana tem de reconhecer no documento Dei Verbum do seu Concílio Vaticano.

V -  Mariologia
O dogma da Assunção da Virgem Maria, é mais um exemplo onde vemos novamente o mesmo uso forçado de textos bíblicos que não suportam os rudimentos mais básicos e elementares de exegese e hermenêutica.

Novamente vemos o uso de lendas e tradições apócrifas, novamente linguagem sentimental sem rigor teológico, novamente aplicações forçadas de frases isoladas dos santos padres. (...) 

E isso é preocupante, porque assim se elabora uma certa mariologia e se desenvolvem certas piedades marianas que nada fazem, apenas distorcem o maravilhoso exemplo e testemunho da mãe de Deus, a bem-aventurada que disse: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; Porque atentou na baixeza de sua serva...”. Isso é o que ela continua dizendo. Que a consideraremos abençoada ou feliz.

A mesma pessoa que não pediu nada para si, nem orações, nem santuários, nem sacrifícios, nem títulos bombásticos, nem dogmas forçados. Quando ela toma a palavra, ela apenas diz "façam tudo o que Ele vos disser". Devemos seguir seu exemplo de ser totalmente por Jesus Cristo. Nesse sentido sou mariano e nunca deixarei de ser.

Você pode conferir abaixo, na íntegra, estas e outras declarações do próprio Fernando Casanova em seu canal oficial.


About the Author

Bacharelando em Teologia, Historiador (CRP: 0000545/MG) Licenciado e Pós-graduado. Cristão de tradição batista e Acadêmico em Apologética Cristã.

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