Sobre a conversão de protestantes ao catolicismo

"Histórias" de conversão sejam elas do protestantismo ao catolicismo ou, do catolicismo ao protestantismo, não tem qualquer validade apologética pela simples razão de que elas são baseadas em experiências subjetivas e se configuram no máximo como uma falácia de evidência anedótica.
Conversão de Protestantes ao Catolicismo


Sobre a conversão de protestantes ao catolicismo e o inverso tão ignorado pelos apologistas católicos


Assim, tanto como crentes quanto como adoradores, os católicos que se tornam protestantes são cristãos estatisticamente melhores do que aqueles que permanecem católicos. Estamos perdendo o melhor, não o pior. (...) Os católicos estão partindo para se juntar às igrejas evangélicas por causa do ensino da igreja romana sobre a Bíblia que é uma desgraça. Poucos homilistas explicam as escrituras a seu povo. Poucos católicos lêem a Bíblia.
[Thomas J. Reese, padre jesuíta Ph.D em ciências políticas e analista sênior da National Catholic Reporter].

"Histórias" de conversão sejam elas do protestantismo ao catolicismo ou, do catolicismo ao protestantismo, não tem qualquer validade apologética pela simples razão de que elas são baseadas em experiências subjetivas e se configuram no máximo como uma falácia de evidência anedótica. Servem como motivação pessoal e particular do ouvinte ou leitor, mas se forem no caso, usadas como ferramenta apologética para validar a nova cosmovisão religiosa de um converso, apenas mostra a incompetência intelectual de quem se arma deste artifício.   

Tornou-se uma ferramenta apologética por parte católica apontar testemunhos de ex-protestantes que hoje estão nas fileiras católicas, porém quando apontamos que o inverso também ocorre, ou seja,  - que  milhares de católicos se tornam protestantes todos os anos, - daí então eles respondem com a famosa frase de efeito: "Católico mal informado se torna protestante, protestantes bem informados se tornam católicos"

Com essa frase falaciosa de puro efeito anedótico, eles alegam que as conversões de católicos ao protestantismo são irrelevantes pois, eram apenas "maus católicos" que abandonaram a "barca de Pedro", enquanto os "bons" se tornam católicos. Para além de usarem uma falácia anedótica como ferramenta, quando lhes mostramos evidências do inverso, ainda querem aplicar um ad hominem desdenhoso baseado em puro favoritismo contra as conversões de católicos ao protestantismo.

Então, o apelo "apologético" que fazem em torno das conversões de protestantes ao catolicismo, é empurrado ainda mais como uma objeção, quando alegam que, são os "maus católicos" que se tornam protestantes. Bem, não é isso o que aponta um padre jesuíta ao analisar tais casos. Pelo contrário, segundo ele, a Igreja Romana está perdendo o melhor, não o pior. 

  • Conversão de Católicos ao Protestantismo


Thomas J. Reese que em 2014 foi nomeado pelo presidente Obama para a Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional, é ex-editor em chefe da revista católica América Magazine e membro sênior do Woodstock Theological Center na Georgetown University, em Washington. Ele analisou casos de conversão do catolicismo ao protestantismo e tirou estas conclusões:

1- As pessoas não estão se tornando protestantes porque discordam dos ensinamentos católicos específicos; As pessoas estão saindo porque a igreja não atende às suas necessidades espirituais e acham melhor o culto protestante.

2 - Os católicos que se tornaram protestantes também afirmam ter uma fé mais forte agora do que quando eram crianças ou adolescentes. Setenta e um por cento dizem que sua fé é "muito forte", enquanto apenas 35 por cento e 22 por cento relataram que sua fé era muito forte quando eram crianças e adolescentes, respectivamente. Por outro lado, apenas 46% dos que ainda são católicos relatam sua fé como "muito forte" hoje como um adulto.

3- Assim, tanto como crentes quanto como adoradores, os católicos que se tornam protestantes são cristãos estatisticamente melhores do que aqueles que permanecem católicos. Estamos perdendo o melhor, não o pior.

4- Aqueles que estão deixando a igreja para as igrejas protestantes estão mais interessados ​​no alimento espiritual do que questões doutrinárias.

5- Os católicos estão partindo para se juntar às igrejas evangélicas por causa do ensino da igreja romana sobre a Bíblia que é uma desgraça. Poucos homilistas explicam as escrituras a seu povo. Poucos católicos lêem a Bíblia.

6- A igreja precisa de um programa massivo de educação bíblica. A igreja precisa reconhecer que entender a Bíblia é mais importante do que memorizar o catecismo. Se pudéssemos fazer com que os católicos lessem as leituras das escrituras do domingo a cada semana antes de vir à missa, seria revolucionário. Se você não lê e reza as escrituras, você não é um cristão adulto. Os católicos que se tornam evangélicos entendem isso.

7- A igreja católica está tendo uma hemorragia de membros. Ela precisa reconhecer isso e fazer mais para entender o porquê. Só se reconhecermos o êxodo e compreendê-lo estaremos em posição de fazer algo a respeito.

Em outras palavras, a Igreja Católica não conseguiu entregar o que as pessoas consideram produtos fundamentais da religião: sustento espiritual e um bom culto de adoração. E antes que os conservadores culpem a nova liturgia, apenas 11% dos que saíram reclamaram que o catolicismo se afastou muito das práticas tradicionais, como a Missa em latim.

A insatisfação com o modo como a igreja lida com as necessidades espirituais e serviços de adoração anula qualquer desacordo sobre doutrinas específicas. Enquanto metade daqueles que se tornaram Protestantes dizem que partiram porque deixaram de acreditar no ensino católico, questões específicas recebem respostas muito mais baixas. Apenas 23% disseram que partiram por causa dos ensinamentos da igreja sobre o aborto e a homossexualidade; Apenas 23% por causa do ensino da igreja sobre o divórcio; Apenas 21% por causa da regra que os padres não podem casar; Apenas 16% por causa do ensino da igreja sobre controle de natalidade; Apenas 16% por causa da maneira como a igreja trata as mulheres; Apenas 11% porque não estavam satisfeitos com os ensinamentos sobre pobreza, guerra e pena de morte.

Os dados mostram que o desacordo sobre doutrinas específicas não é a razão principal pelos quais os católicos se tornam protestantes. Também temos muitos dados de pesquisas mostrando que muitos católicos que permanecem discordam dos ensinamentos específicos da igreja. Apesar do que os teólogos e bispos pensam, a doutrina não é tão importante para aqueles que se tornam protestantes ou para aqueles que permanecem católicos.

Fonte: Thomas Reese - National Catholic Reporter

Ora, parece que o desejo por "realidade espiritual" coisa tão buscada pelos católicos que se tornam protestantes ocorre pois como diz a Escritura: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz e elas me seguem" - [João 10: 27-30] e isso é mais importante do que liturgias, tradições e suposta unidade monolítica onde se deve subserviência a um sistema onde você é "proibido" de pensar por si mesmo, pois isso significaria se tornar um "protestante". E por falar em protestantes... Ora, "Você deve nascer de novo", disse Jesus. Se você não nasceu de novo, não importa o quanto dos escritos de John Henry Newman, Patrística, Latin, Tradição, Catecismo, Magistério ou Filosofia você conheça. Pra nós protestantes, isso é o que importa.. Ser nascido de novo, nascido em Cristo, para Cristo.

Thomas Reese fez esta analise acima tomando como base a conversão de católicos nos Estados Unidos. Os dados são do "Pew Research Center's Forum on Religion & Public Life" uma instituição responsável por divulgação de pesquisas sobre diversos assuntos relacionados a política, religião, vida pública, jornalismo, televisão, internet, ciência, tecnologia, tendências hispânicas, atitudes e tendências globais e as tendências sociais e demográficas dos EUA. 

A pesquisa dentre outras coisas aponta que 1 em cada 10 americanos é ex-católico. Se fossem uma denominação separada, seriam a terceira maior denominação nos Estados Unidos, depois de Católicos e Batistas. Uma em cada três pessoas que foram criadas como católicas, hoje já não se identificam como católicas.

No caso, eu trouxe esses dados dos EUA pois os maiores casos de conversões ao catolicismo sempre citados pelos católicos aqui no Brasil, são de ex-protestantes norte-americanos. E como vimos, o inverso por lá ocorre em numero bem maior e como diz o padre jesuíta, os católicos que se tornam protestantes se tornam cristãos bem melhores do que aqueles que permanecem no catolicismo.

Aqui no Brasil a coisa também não é diferente, milhares de católicos se tornam protestantes todos os anos e de fato, se constituem em cristãos bem melhores do que aqueles que permanecem no catolicismo, ou do que quando eram católicos estes que se tornam protestantes. Só para citar, trago como exemplo uma amiga que em comentário deixou este testemunho abaixo ao ler este artigo na minha página pessoal:



Eu poderia citar muitos casos como exemplo de bons católicos, sinceros e piedosos que se tornaram protestantes e hoje se constituem em cristãos ainda melhores e efetivos do que quando eram católicos, ou até mais que aqueles que permanecem no catolicismo. E com isso, a frase de efeito virulenta tão recorrida pelos romanistas torna-se tão sem efeito quanto a vida de um teórico romanista de facebook.

Mas, ainda devemos tratar dos casos envolvendo protestantes se tornando católicos. Bom, de um lado, a replica católica contra as conversões ao protestantismo não tem qualquer validade, do outro, as conversões ao catolicismo não passam de anedóticas sem qualquer valor apologético. Eis aí a questão, é disso que vamos tratar abaixo em pontos específicos.

  • Sobre a conversão de protestantes ao catolicismo.

I - Milhares de pessoas se convertem ou desconvertem de uma religião ou ideologia a outra todos os anos, de modo que, uma conversão é a ultima coisa que se deve levar em conta na validade de algo onde se espera uma analise de premissas, argumentos, fatos teológicos e históricos e não apelos pessoais baseados em testemunhos anedóticos.  A experiência de outra pessoa não é o Evangelho. Deus não precisa da ajuda de sua "história" para evangelizar. "História de conversão" é simplesmente um meio para uma pessoa trazer atenção para si mesma ou a sua "placa de igreja"...(vide o caso do Paulo Leitão ou o Daniel Silveira). E é nisso que erram os "causos" de conversão usados no catolicismo.... falam de homens e suas vidas, e não de CRISTO.

Se alguma vez houve um grupo de pessoas que gostam de falar sobre si mesmos, esses são os conversos católicos romanos. Suas histórias de conversão são tipicamente exemplos de realização pessoal e conquistas muitas vezes por ironia, adquiridas no protestantismo, mas, depois que atravessam o "Tibre" quando chegam a Roma, daí.. "protestantismo é coisa do cão". Por exemplo:

a) O Leitão, era ateu, usuário de entorpecentes... se converteu no protestantismo, largou o ateísmo e as drogas, mas, depois que virou católico.. "protestantismo é um lixo".

Paulo Leitão e Daniel Silveira

b) Daniel Silveira... era ladrão, um desviado moral, se converteu ao protestantismo, deixou de ser o imoral e bandido que era, e depois que entrou no catolicismo... "protestantismo agora é um lixo".



Agora vejam que interessante, no caso do Daniel Silveira vejam a propaganda que ele faz acima hoje em dia. Algo está mal contado pois, vejam quem era o Silveira:



Entenderam? Vou repetir... Os dois sujeitos como muitos outros tantos eram os piores tipos de pessoas que podemos encontrar, se convertem primeiro em igrejas evangélicas e lá recebem apoio moral, largam suas mazelas e péssimas ações, mas, como não passam a ter o ego massageado e nenhum holofote recebem, então... TORNAM-SE CATÓLICOS, passam a atacar o protestantismo, e daí... já conhecemos o resto da história!

E assim são centenas de casos de conversão ao catolicismo. Eles não apontam para Cristo - eles apontam para uma entrada triunfal em uma instituição humana supostamente magnífica: a Igreja Católica Romana. Suas histórias de conversão são sobre o que eles fizeram, o que eles eram, o que Roma é, não sobre o que Cristo fez. 

Mas não é só isso. 

II - De muitos casos que analisei de "protestantes se convertendo ao catolicismo", notei que sempre são inteiramente casos individualistas e subjetivos, ao mesmo tempo em que criticam suas ex-igrejas protestantes por serem individualistas e subjetivas. Se não bastasse, em muitos casos o sujeito sequer era de fato um protestantes de base, raiz e solidez confessional. 

No caso do Daniel Silveira, ele foi desmascarado aqui (neste artigo). Já o Paulo Leitão, que o diga as páginas católicas que o denunciam como um farsante antissemita, comunista e que ataca outros apologistas católicos por pura birra.

III- Eles muitas vezes criticam os protestantes por ter interpretações subjetivas da Bíblia, ao mesmo tempo em que têm uma interpretação subjetiva do catolicismo romano. De fato, os próprios meios pelos quais afirmam ter chegado a Roma, são as opiniões individuais e subjetivas de fontes falíveis que escolhem por favoritismo.

IV- As histórias de conversão à Igreja Católica Romana são muitas vezes apoiadas com uma fachada de certeza epistemológica, ao contrário do suposto modelo para o "protestantismo anarquista" de onde vieram. Sempre recorrem a perguntas contra nós do tipo, "Como você sabe qual é a verdadeira igreja? "Como você sabe quais livros devem estar na Bíblia?" "Como você sabe qual é a interpretação correta da Bíblia?". Só que para tais objeções, os deixamos em saia justa, pois não só as contraditamos respondendo devidamente como também lhes contornamos com perguntas do tipo:

a) "Como você católico sabe que a sua interpretação particular de documentos romanos está correta, defronte a interpretação privada de outros católicos romanos?"

b) " Como você pode ter certeza de que você está certo, já que tudo o que tem é o seu próprio julgamento privado falível que Roma está certa? "

c) "Como você sabe que escolheu o intérprete infalível certo? "

d) "Como mesmo vocês tendo um interprete infalível, uma igreja infalível e um magistério infalível ainda assim são capazes de se atacarem em inúmeros grupos sobre o que realmente dizem estes tais infalíveis?"

Concluindo...

Não é que eu não acredite em histórias de conversão, ou testemunhos de conversão... A questão é que usar tais "testemunhos" como ferramenta apologética, não leva a nada realmente relevante que acrescente "sustento" para um posicionamento ou cosmovisão no sentido de comprovar sua veracidade. Pois, conversões de uma religião a outra e de uma ideologia a outra ocorrem aos milhares. Dizer que um protestante se tornar católico valida o catolicismo, daria no mesmo que querer validar o budismo ou islamismo por também no caso, muitos católicos se tornarem budistas e muçulmanos! Responder que apenas maus católicos se tornam protestantes é algo também que não corresponde a realidade, e na realidade, o inverso de fato é que vem ocorrendo, péssimos protestantes, na verdade o lixo gospel é que tem não só namorado o catolicismo como também abraçado ele, expelindo suas crias nas fileiras de Roma.

Por isso, eu prefiro ficar com uma história de conversão que tem um pedigree divino, e foi inspiradamente escrita pelo Espírito Santo e ela aponta para Cristo e não para uma instituição. Se a sua não for como essa, a do Apóstolo Paulo, então por favor.. me poupe de encenação, seja você um ex-católico ou um ex-protestante.

Nós protestantes não fazemos questão de proselitar acerca de católicos se convertendo ao protestantismo. Claro, nós falamos sobre isso às vezes. Mas não é um instrumento primário de evangelismo, nem nossos testemunhos são um método-chave para direcionar as pessoas para a "plenitude da verdade". Pois o que eramos não importa, pois todos não passávamos de cadáveres condenados e damos graças a Deus por sermos alcançados por Cristo, e para Cristo.


E pra terminar, depois que li o artigo do padre jesuíta sobre os bons católicos estarem se tornando protestantes - o que contraria a falácia de apelo romanista - ouso dizer sobre protestantes se tornando católicos, que:

Um protestante mau informado sim, esse vai se tornar católico, escrever livros sobre si mesmo e como Roma é magnifica, mas o inverso sempre ocorrerá onde mais e mais católicos se tornarão protestantes que terão uma experiência com Cristo e passarão a ter uma vida cristã magnifica!


Paz em Cristo!

Att: Elisson Freire

Licenciado e Pós-graduado em História. Bacharelando em Teologia. Cristão de tradição batista e acadêmico em apologética cristã...
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